Pajem de Ouros

O Pajem de Ouros é uma carta de sonhos e o desejo de realizar esses sonhos no mundo material. Como todos os pajens do tarot, este também fala de um jovem. Não necessariamente no aspecto cronológico, mas na qualidade da juventude. O desejo de aprender tudo, a inspiração, a criatividade, a ousadia e um certo desprendimento típico dos jovens de espírito que, apesar de buscarem os prazeres terrenos que o dinheiro proporciona, tem mais felicidade na satisfação dos seus ideais do que numa vida regrada para uma cômoda aposentadoria.

Usualmente o pajem de ouros está associado a personalidades artísticas e acadêmicas, que buscam o prazer sensual e material, mas que ainda não atingiram o sucesso financeiro em função de se encontrarem num estágio de aprendizagem. Ele está em busca de associar o conforto material com seus ideais e está aprendendo ainda a conciliar seus objetivos. Mas o mais importante nesta carta é que ela representa espíritos jovens, aprendizes, estudantes que prometem se tornar excelentes profissionais. Tal como crianças reais, devem ser ouvidos, bem tratados, apreciados e protegidos. Ainda como crianças, sentem muitas vezes que nada podem fazer para sair de uma crise, mas acreditam que alguém acabará vindo socorrê-los. Como o Universo sempre diz ‘amém’ às suas crenças, normalmente é isto que acaba acontecendo.

O Pajem de ouros é uma carta completamente ligada ao elemento terra e que simboliza novos começos, inspiração, a fase inicial de um projeto criativo. Fala da gestação de novas ideias, reconstrução da própria personalidade, novos interesses e descobertas e muitas vezes mesmo a notícia de se estar ‘gestando’ um novo ser (às vezes metaforicamente, às vezes, literalmente).

É importante observar bem a simbologia contida na imagem da carta. A carta mostra um jovem de manto púrpura que, de um lado, olha através do pentagrama contido na moeda (ouro). Espelhado, ele divide a moeda em dois e segura cada parte em uma mão. Note que de um lado ele parece masculino e de outro, feminino. A metáfora é complexa e trata de um jovem dividido. Ele pode ser bissexual ou mesmo um homem de alma feminina ou mulher de alma masculina. Do seu lado ‘masculino’, ele olha através do pentagrama, que simboliza seus objetivos materiais, sua ótica materialista. Está de mãos abertas segurando o pentagrama, mostrando o dez. O dez, a Roda da Fortuna, feito através das mãos abertas, fala que para conquistar é preciso entregar, se abrir. Ao conseguir delegar e se desprender da matéria, paradoxalmente a mesma é dominada. A Roda da Fortuna é a carta do karma e da evolução. Do lado ‘feminino’, ele suporta a ‘moeda partida’ e vê o mundo direta e docilmente. É como se ele quebrasse o material, transcendesse a matéria e se mostrasse tal como é, tendo domínio sobre o ying-yang, o masculino e feminino, a criação e destruição, as máscaras do drama e da comédia do teatro. E ele veste o manto púrpura das almas iluminadas – a mesma cor usada pelos eclesiastas em rituais fúnebres, que simboliza a transcendência da passagem. Ouros correspondem ao elemento alquímico da terra, e, nesse sentido, a moeda pode simbolizar o início da consciência sensual não só em termos de dinheiro e seu valor, mas também em termos de uma crescente conscientização da importância da saúde e de outras necessidades materiais.

Em uma leitura sobre as questões espirituais, o Pajem de Ouros pode indicar uma nova dimensão na vida da pessoa. Um evento que vai trazer uma riqueza que a pessoa nunca gozou antes. Mas que é preciso ter o espírito livre e aberto dos jovens para aprender sobre essa nova dimensão.