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O que o Covid-19 nos traz como símbolo


Hoje gostaria de fazer uma reflexão com você acerca da doença que vem nos amedrontando em forma de vírus coroado, o Covid-19, a doença respiratória aguda (por vezes grave) causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.




Sabemos que algumas pessoas com o COVID-19 podem ter poucos ou nenhum sintoma, enquanto outras adoecem muito e podem vir a morrer. Os que desenvolvem sintomas tem febre, tosse e falta de ar. Aqueles cujo quadro evolui, podem ter LINFOPENIA e quadros sugestivos de PNEUMONIA.

Tudo isso está já sendo bastante explorado pela medicina. Minha abordagem aqui não trata de esmiuçar a doença, mas tentar entendê-la sobre o seu aspecto transpessoal.


Começando pela psicossomática


Covid-19 é uma doença causada por um coronavírus (SARS-CoV-2) que pode causar problemas respiratórios sérios. Temos, pois, através desta doença, que lidar com o tema da RESPIRAÇÃO.





De todas as funções do corpo que sustentam a vida, a respiração tem o papel mais importante.

Simbolicamente, foi pelo ar insulflado no barro que, pela Bíblia, Deus deu vida à Adão. Ao nascermos, tomamos contato com o mundo de forma independente através da respiração. Assim como, ao morrer, é o último suspiro que marca nosso desligamento do nosso corpo físico.

Segundo a psicossomática, é através dela que fazemos contato com o mundo invisível externo. É através dela que experimentamos a polaridade, o ir e o vir. O inspirar e o expirar. O reter e o soltar.


O isolamento como sintoma


Ainda pela visão de Rüdiger Dahlke e Thorwald Dethlefsen, no livro "A Doença como Caminho", é pela respiração que somos impedidos de nos isolarmos e que nos força a dividir com outros seres, amigos e inimigos, animais e plantas, o mesmo vínculo. Assim, não importa o quanto tentemos nos isolar, o quanto nosso Ego insista em se manter fechado em seu próprio mundo. Precisamos respirar e vamos respirar o mesmo ar que todos respiram. 




No metrô de São Paulo, pessoas começam a usar máscaras de proteção após confirmação de caso de coronavírus no Brasil (27/02/2020 - foto: Victor Moriyama/Getty Images) 




Respirar é, em nível inconsciente, o mesmo que tocar. O toque, mantido pela pele, também nos coloca em contato com o mundo externo. Porém, ele pode ser controlado. A respiração, não. É um ato involuntário. Precisamos respirar para viver.

Se já pela natureza da doença manifestamos que estamos com problemas com o contato e independência (lembremos que o primeiro ar da nossa vida é o que nos separa da relação simbiótica com a mãe), a prática para a tentativa de redução do seu avanço, simboliza mais uma vez onde está o nosso problema.

Com o perigo de contaminação pelo Covid-19, agora tocar e se aproximar dos outros se torna não apenas um problema para quem tem o vírus, mas para quem não o tem. Consideramos, inclusive, criminosa a aproximação do outro, possível doente. Nossa paranoia com o perigo do outro atingiu um nível agora mais elevado. Qualquer pessoa pode ser 'o inimigo'.

Distância como forma de minimização do contágio. (foto: Getty Images)


O quadro geral, tanto dos sintomas da doença quanto da nossa reação a ela, evidencia que, simbolicamente, o Covid-19 veio nos mostrar o quanto estamos, na verdade, afastados uns dos outros. O quando, inconscientemente, desejamos distância, isolamento. Não queremos nem respirar o mesmo ar que os outros, agora inimigos, respiram.

Ironicamente, o vírus se alastra no mundo justamente num momento histórico em que tantas nações buscavam trabalhar em cooperação (Euro, Mercosul, etc). E, quem sabe, a pandemia seja mesmo reflexo do quanto esta aproximação, alargada ainda pelos últimos movimentos migratórios e que forçaram a convivência de desiguais, evidenciou a nossa crise.

Nossa crise, antes de ser sanitária, é humana.


Novas velhas atitudes


Na tentativa de tentar nos proteger de um possível contágio, o que fazemos? Nos mascaramos e nos protegemos. Vamos trabalhar de casa. Evitamos sair e nos encontrar com os outros. Reduzimos nossos contatos humanos a relações virtuais. Vivenciamos de forma crônica e prática o que já fazíamos de forma silenciosa, camuflada, através de nossos smartphones, redes sociais e contatos virtuais. Nossa 'modernidade líquida', como tratava o sociólogo Zygmunt Bauman, se solidificou no frio distante das nossas relações geladas. 


Somos quase 8 bilhões de desconhecidos no planeta


Por mais incrível que pareça, toda prática adotada para tentarmos nos proteger desta doença evidencia ainda mais os sintomas da doença que já existe entre nós. O Covid-19 é, pois, a mais perfeita tradução da nossa falta de comunicação verdadeira e do nosso desejo de nos separarmos uns dos outros

O Covid-19 veio talvez como um sintoma do quanto ainda não estamos preparados para a nossa necessária união e integração. Não estamos ainda prontos para viver os novos tempos aquarianos, em que a liberdade, independência, autonomia e aceitação da diversidade transite entre nós. Estamos, tal qual doentes febris, queimando por dentro, inflamados com a possibilidade de conviver com o mesmo ar do 'outro'. 

Aceitar este outro como igual e inofensivo é, pois, o desafio deste limiar de era. E, tal qual um filtro, talvez esta doença venha simbolizar a separação do 'joio do trigo' tão marcado no Arcano 20, símbolo deste ano. 

Não entrará para a nova era quem não estiver pronto para ouvir o chamado para sair dos estreitos limites da sua mente e se unir à família planetária que somos.

Antes de sermos pretos, brancos, mulatos, pobres, ricos, americanos, europeus, asiáticos ou o que quer que nos distingua... somos humanos. Enquanto não entendermos isso, talvez outras doenças que nos separem ainda precisem existir entre nós. Se não somos capazes de entender, precisamos ainda sentir.



Um belo curta que retrata o quanto uma sociedade criada para a eficiência pode se tornar insensível às coisas mais importantes.


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